Mostrar mensagens com a etiqueta soldados. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta soldados. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 7 de abril de 2015

As armadilhas do sonho


Beijos

Enamoradas tertúlias

Nas mãos de uma andorinha

Os lábios da madrugada

Voando sobre o infinito adeus

A liberdade conquistada

Do vento

No meu cabelo

Branco

Ou

Cinzento

Os beijos

Nos beijos

Das tílias

E dos amarelos muros da insónia

Uma calçada em desespero

Um rio acabado de suicidar-se

Contra os rochedos da infância

O cais

O menino que acena ao barco de papel

Com janela de luz

As cordas que aprisionam o barco

Laças

Murchas

Sem força para atravessarem a ponte

E o marinheiro enrugado

Bebendo shots de uísque

E fumando cigarros

O carteiro envenenado

Pelas falsas cartas de amor

Pelos falsos corações

E do perfume

As algemas do silêncio

O medo

Amar

Não amar

Morrer

Ou…

Morrer

Sem ser amado

O enforcado transeunte adormecido na escuridão do teu corpo

A tertúlia dançando dentro do teu ventre

Em aventuras

Loucas

Como as insignificantes armadilhas do sonho

Acordar

E

Nada

Ninguém

Ou

Ou alguém

Recordando as tardes junto ao Tejo

(Beijos

Enamoradas tertúlias

Nas mãos de uma andorinha)

O embriagado soldado

Cambaleando contra as tristes avenidas do sofrimento

Sinto-o

Ainda

Ao deitar

Não me ouves meu amor

Nem sequer sei o teu nome

Nem se és de vidro

Madeira

Sombra

Verniz

Ou

Nada

Ninguém

Apenas uma imagem

Acorrentada aos sais de prata

E amanhã… e amanhã saberei quem és…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 7 de Abril de 2015