Que faço eu com estas flores
Aprisionadas na minha mão
Onde guardo as minhas palavras
Onde poiso o meu coração
E às vezes
Tenho medo
Medo de trocar as flores
por pão
Ou o pão por palavras
Vendo palavras invisíveis
comestíveis e belas
Cada uma
Dois cêntimos de euro
E depois de vender as palavras
Como o pão
Uma sandes de flores
Um café
E um cigarro
E sento-me em frente à
baía
Oiço as lágrimas do mar
Grito
E escondo-me sob as palmeiras
E durmo docemente nos
teus braços
Entre picos
E roseiras
Entre livros
Muitos livros que ardem
nas lareiras
Alijó, 14/11/2022
Francisco Luís Fontinha