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domingo, 26 de janeiro de 2020

Onde mora o silêncio, se não em ti?


As árvores deste jardim cansado,
Onde adormece o silêncio das palavras assassinadas por mim,
Há um luar desiludido,
Que grita às planícies do alecrim,
O poema desejado,
Entre versos e ossos embalsamados,
Vem a esta casa, o miúdo perdido,
Das montanhas húmidas,
A voz que alicerça a fome,
A rua que limita o olhar,
Sem nome,
Sem mar,
As árvores distintas dos pássaros, o medo de dormir,
Numa cama de pétalas encarnadas,
Nas veias, o orgasmo do cobalto,
A madeira envernizada,
Porque as lágrimas,
No rosto se perdem,
E fogem para o triste adormecer,
O vulcão quase a vomitar palavras de nada,
Sempre em alerta, sempre abandonada,
A casa,
O ódio madrugada da vida,
Entre correr,
Entre morrer,
Simples, assim,
Simples, simples, nada esquecer.
O mendigo que corre na calçada,
Desejado por uns, amaldiçoado pela namorada,
Escreve-me,
Oiço-o,
Na alvorada.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
26/01/2020