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domingo, 6 de abril de 2014

Estórias sem palavras...


Inventava estórias para eu adormecer,
dizia-me que todas as estrelas tinham mãos, que todas as estrelas tinham... coração, amor, e... e paixão,
acordava cedo,
sussurrava-me palavras inaudíveis, palavras frágeis, palavras sem rosto,
nuas palavras em corpos vestidos de papel,
inventava estórias com sabor a chocolate,
e ouvia o som melódico da voz invisível,
tinha medo do mar,
e hoje, hoje... amo-o, amo-o como se ele pertencesse à minha vida,
corresse nas minhas tristes veias, nas minhas... tristes palavras,
e eu menino, acreditava nas suas estórias...
nas palavras de estórias que vagueavam sobre os telhados da cidade imaginária.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 6 de Março de 2014

domingo, 1 de dezembro de 2013

sem-nome

foto de: A&M ART and Photos

não tínhamos nome
perdemos-nos na idade enquanto poisava no tecto do desejo a saudade
inventávamos estórias com pequenos paus de fósforo
aqueles...
que sobejavam dos cigarros perdidos na madrugada
não dormíamos
e não tínhamos nada...
cama
roupa
ou comida
lavada
não tínhamos nome
(morada
idade
sexo
não éramos nada comparados com os tristes cortinados das alvoradas sem tempestade)
percebíamos nada de poesia
tínhamos medo da literatura
e durante a noite...
dormíamos embrulhados às personagens que tínhamos lido quando ainda existia em nós a tarde junto ao candeeiro cinzento do jardim nocturno dos abismos rochedos de néon
os sexos mergulhavam na ponte metálica das treliças mãos que o desejo deixava em nós...
calculávamos o momento fletor das nádegas tuas quando lá fora uma equação de tédio
sem nome como nós
também
perdia-se nas sanzalas dos olhos verdes
o medo absorvia-nos
e a morte aos poucos
comia-nos como come os marinheiros de ombros sombreados nos petroleiros do fantasma envidraçado...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 1 de Dezembro de 2013

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

solidão nocturna

foto de: A&M ART and Photos

canso-me das palavras que não posso gritar
aquelas palavras que ficam guardadas
aprisionadas dentro do espelho que alimenta o teu olhar
canso-me dos livros que leio e li
e daqueles que dormem sobre mim invisivelmente
sós...
e é tão triste ser um livro
que ninguém acaricia
e lê e só...
deitado sobre a prateleira número quatro
ao lado da solidão nocturna
das personagens envenenadas que se suicidam depois de terminar a estória...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 23 de Agosto de 2013