foto de: A&M ART and Photos
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não tínhamos nome
perdemos-nos na idade enquanto poisava
no tecto do desejo a saudade
inventávamos estórias com pequenos
paus de fósforo
aqueles...
que sobejavam dos cigarros perdidos na
madrugada
não dormíamos
e não tínhamos nada...
cama
roupa
ou comida
lavada
não tínhamos nome
(morada
idade
sexo
não éramos nada comparados com os
tristes cortinados das alvoradas sem tempestade)
percebíamos nada de poesia
tínhamos medo da literatura
e durante a noite...
dormíamos embrulhados às personagens
que tínhamos lido quando ainda existia em nós a tarde junto ao
candeeiro cinzento do jardim nocturno dos abismos rochedos de néon
os sexos mergulhavam na ponte metálica
das treliças mãos que o desejo deixava em nós...
calculávamos o momento fletor das
nádegas tuas quando lá fora uma equação de tédio
sem nome como nós
também
perdia-se nas sanzalas dos olhos verdes
o medo absorvia-nos
e a morte aos poucos
comia-nos como come os marinheiros de
ombros sombreados nos petroleiros do fantasma envidraçado...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 1 de Dezembro de 2013
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