foto de: A&M ART and Photos
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o desespero da sorte
quando o furacão do infinito se
entranha na morte
come-a e vêem-se e vêm-se as limalhas
do silêncio à mão da solidão
a tristeza é uma palavra esquisita uma
palavra incerta uma palavra sem coração
que habita nos corpos sãos e nos
esqueletos invisíveis dos horários relógios enlouquecidos
o desespero da sorte
a sorte porque se desespera a vida
inventando noites frias
e rouquidão como companhia...
o dia
alicerça-se à retroversão dos
comboios em movimento
morre-se e leva-nos o vento
a palavra tristeza
engasga-se nas ardósias tardes do
xisto com portas de aço
o castigo aparece
e o corpo aloca-se na encosta da
montanha vulcânica do cemitério da poesia...
farto-me
canso-me
findo-me... como o desespero da
sorte...
...não tendo sorte (diz-me ele)
habito neste triste cubo de vidro
sou um aquário aquariano vestido de
rio
sou uma ponte que engata gaivotas
ou... um lindo vestido negro que engata
cigarros apaixonados
tontos e viciados
embriagados como os pássaros que
poisam nos teus ombros
como a palavra tristeza...
alegre quando é de noite
e feia e velha... quando a lareira
acesa se abraça ao fumo das campânulas envidraçadas
têm olhos de papel
têm e vêm acompanhadas de pulseiras
em prata
como os coiratos da roulote da tia
Adosinda...
(a esta “merda” uns chamam de vida
outros... de... não ter sorte...
… eu... eu chamo-lhe de morte...
porque a morte é uma tristeza sem
sorte...
… é um rio sem vida)
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 2 de Dezembro de 2013
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