foto de: A&M ART and Photos
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Acredito que o Sol voltará a brilhar nas íngremes
encostas mergulhadas nos seios mendigos do rio mais belo do Universo,
acredito que a chuva das vindimas transformar-se-á em pequenos
balões de hélio sobrevoando as lâmpadas do silêncio como xistos
em revolta, acredito que todas as grades em aço que cercam as
prisões brevemente acordarão vestidas de botão de rosa, de muitas
cores, e em pétalas poeira cintilando nas mãos tuas madrugada
Liberdade?
Liberdade...
Viver como um pássaro e voar como um barco
cambaleando sobre as ondas sonoras dos poemas de AL Berto, do cimo da
montanha e em pétalas poeira cintilando nas mãos tuas madrugada,
ele revestido a prata, ele sorrindo, poisando o desejo sobre a mão
dela,
Acredito que as nuvens vão ser de algodão, leves,
leves como os círios da Igreja onde me esperas quando eu morrer, e
sem lágrimas, e sem demandas... acreditarás que eu vou voar e que
mais tarde... mais tarde nos encontraremos junto a uma mangueira, e
sobre nós sombras de cacimbo e o latejo dos mabecos felizes por
Acreditares,
No futuro, na liberdade, nas grades em aço que
transformar-se-ão em rosas, rosas, rosas com lábios encarnados,
Perfumadas pois então,
Nós
Felizes
E viveremos nas encastradas encostas da chuva em
vindimas de pergaminho, ouvem-se os pais beijarem os filhos, vêem-se
as mães acreditarem nas alegrias dos filhos, ouvem-se os arbustos
despedirem-se do ferrugento barco em suspiros profundos
Fundeando há vinte anos..., afundam-se e gritam
Os outros,
Liberdade, acredito que as flores vão ser de papel,
e que dos meus livros, e que dos meus livros acordarão todas as
personagens que vivem em mim, estas há mais de vinte anos, e no
entanto, não tão ferozes como as outras,
Tudo servia para comer,
O quê?
Tudo, tudo... e até as pedras acreditavam no
medo...
O medo?
Em capa dura, do amarelo sobressai o peso de um
corpo em ziguezague, sonolento, o título é em oiro futuro, e ele
Embrulhado em plumas de cetim
Acreditava que “O medo” não tinha medo,
Acredito que com a trovoada vêm as sílabas
palavras com pele sedosa, e das caricias de uma gaivota, ele
Acredita,
Acredita que o mar é de todos, que o Sol iá nascer
para todos
(enquanto hoje, apenas alguns dementes têm o prazer
de o ver)
Nunca vi o Sol, não sei como é o Sol...
Mas acredito que existe, que vive, sorri...
(Perfumadas pois então,
Nós
Felizes
E viveremos nas encastradas encostas da chuva em
vindimas de pergaminho, ouvem-se os pais beijarem os filhos, vêem-se
as mães acreditarem nas alegrias dos filhos, ouvem-se os arbustos
despedirem-se do ferrugento barco em suspiros profundos
Fundeando há vinte anos..., afundam-se e gritam
Os outros),
Não sabem que a chuva das vindimas é uma mulher
nua abraçada a cachos de uva, em seu redor, um louco grita,
Acreditar,
E eu, que apaixonei-me pela chuva...
Acredito.
(Não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 27 de Setembro de 2013