Enquanto escrevo, morro, enquanto escrevo, suicido-me na tristeza do poema, enforco-me na agonia de uma tela sem nome, suspensa numa manhã junto ao Tejo, do rio, vêm a mim os tristes cacilheiros, que entre viagens, me trazem o silêncio da despedida,
E despeço-me sem ter de
quem me despedir, apenas me restam meia dúzia de retractos, meia dúzia de
sombras…
E muitas dúzias de
sonhos; morram todos os sonhos.
Morram todos os sonhos e
todos os sonhadores e todos os poetas e todos os pássaros… e que morram também
todas as noites com luar.
E já agora, que morram
todos os cacilheiros e todos os barcos da minha infância.
Puxo do último cigarro. O
veneno que me mantêm vivo e de boa saúde…
Inesperadamente, começo a
odiar todos aqueles que morreram e que amei. Inesperadamente, começo a
odiar-me, começo a odiar as minhas palavras, os meus desenhos… e todos os meus
sonhos.
Enquanto escrevo, morro.
Suicido-me na tristeza do
poema, enforco-me na agonia de uma tela sem nome como todas as minhas telas,
sem nome.
De que serve um nome?
Alijó, 24/03/2023
Francisco
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