Desenhavas com o olhar,
No tecto do silêncio,
Curvas senoidais,
Enquanto me despedia dos
teus soluços
E gemidos de dor,
Escrevia na minha mão,
A equação da saudade.
Apetecia-me fugir,
Ser um covarde e,
Correr,
Em direcção ao mar.
Apetecia-me gritar,
Não ser covarde e,
Cerrar os olhos,
Penhorando o meu olhar.
Levemente,
Levantei a minha mão
alicerçada no teu peito,
E, aos poucos,
Olhava pela janela,
Aberta para a tua viagem,
Os pássaros nocturnos da
solidão.
Sabia que o fim,
Em tudo,
Era igual,
Ao outro fim ausentado,
No entanto,
Acreditava que me ouvias,
E,
Conseguias pronunciar o
meu nome;
O meu nome, que tantas
vezes
Escreveste nos céus de Luanda.
(Desenhavas com o olhar,
No tecto do silêncio,
Curvas senoidais)
Senos cansados,
Co-senos envenenados por
um qualquer
Triângulo rectângulo,
Que apenas na minha mão,
Naquele lugar,
Silenciado pela morte,
Tinha existência física.
Uma viagem sem retorno,
Como o sono,
Quando um cadáver
quadriculado
Morre na lareira do corpo
ausentado.
Saí a correr,
Puxei de um vadio cigarro
e,
Chorei,
Acreditando na mentira,
Pensando que sonhava,
Sílabas de insónia
E pequenas quadriculas na
alvorada.
Acreditando na mentira,
Da noite ausentada.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 19/09/2021
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