O que faz esta janela
encerrada na minha mão?
Pergunta-se ele, pensando
que alguém o ouve. Sempre que puxa de um livro, a poesia nasce,
Dorme,
Morre,
Nas palavras que escreve.
É tarde, meu amor,
ouvem-se os apitos gemidos do teu corpo e, dentro dos gonzos da solidão, oiço
os pássaros rio acima.
O corpo sofrido, amar-te
antes que adormeça o dia, morra a noite
E,
Se escreva na tua mão o esplendor
da inocência adormecida. Pensando melhor, amanhã, deixarei de semear as palavras
da saudade,
Nunca.
Esquecerei aquele rio
embriagado,
Cansado,
Triste de mim.
Há na tua sombra, o
retracto da menina envenenada pelo desejo, num qualquer quarto de hotel, de
terra em terra, de circo em circo, de mar em mar,
Amar-te; depois das doze
horas,
O lençol espreguiça-se
contra nós e, sentimos o peso das carícias que só os poetas sentem e, percebem.
O palhaço rico, o palhaço pobre e o defunto, todos aos gritos de encontro à
enxada da vaidade. Esqueço-me de acordar, levanto e vou de encontro ao
cortinado ainda sonâmbulo e, aos nocturnos esqueletos, a luz que apaga a imagem
que durante a noite,
Ela,
À noite o que é da noite.
As sílabas estonteantes,
os gritos deste palhaço à muito embebido no éter málico das tempestades de
Agosto,
Sinto-o,
Diz-me ela.
Tem quatro relógios,
nenhum deles escreve as horas, faltam-lhes a fome que antes tinham e sentiam e,
que hoje quase nada podem comer. Segundo a lâmpada do escritório deverão ser
qualquer coisa como depois das vinte e três,
Horas,
Minutos,
Segundos de vida.
(Se escreva na tua mão o esplendor
da inocência adormecida. Pensando melhor, amanhã, deixarei de semear as palavras
da saudade,
Nunca.
Esquecerei aquele rio
embriagado,
Cansado,
Triste de mim).
Os barcos, meu senhor,
são para venda?
Para comer não serão
eles, responde-lhe,
E muito bem, quem neste
reino se alimenta de barcos?
O velho, o macaco e a
tia.
O velho pensava que
fodia,
O macaco,
Da tia,
Abram-se os alicerces da
memória, escrevam-se as escrituras da terra adormecida, levantem-se os
esqueletos da prefeitura,
E
Não!
Ninguém sobrevirá a este
tremendo castigo; escrever
Depois da morte
E, viver.
Vive-se de quê?
Da sorte.
Envenenado pelo silêncio,
ou
Sempre que quero
Foge.
Amanhã,
Hoje,
As cinco pedras do
destino.
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À noite o que é da noite.
As sílabas estonteantes,
os gritos deste palhaço à muito embebido no éter málico das tempestades de
Agosto,
Sinto-o,
Neste Agosto perdido.
Neste Agosto sofrido.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 29/08/2021
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