sábado, 25 de janeiro de 2020

O silêncio da luz


Percorro estes montes de ninguém,
Na ausência do prometido poema,
Cansaço da madrugada,
Quando alguém me chama,
Me grita,
E me acena;
Triste é esta calçada,
Onde habito sem memória,
Sem história.
Na noite desgarrada,
Escrevo, pinto, o teu retracto,
Passeio-me pelo infinito amanhecer,
Sem perceber,
Que nas minhas palavras,
Vivem os esqueletos malvados,
Sem sono,
E, alicerçados,
Às palavras vãs,
No bosque,
As árvores, o silêncio da luz,
Que me traz a saudade.
Pinto,
Sinto,
Que todas as sílabas,
São balas assassinas,
Munições de esperança,
Quando acorda a noite.
Sabes?
Amanhã serão apenas sombras,
As tuas palavras,
Que alimentam a madrugada.
O silêncio da luz,
Nas mãos do poeta…
Perde-se,
Vive-se,
De quê…?
Sempre que amanhece,
Neste corpo zangado,
Filho e filha,
Passeando por aí…
Passeando ausente,
De mim,
E, de ti.




Francisco Luís Fontinha – Alijó
25/01/2020

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