Eu
sabia que era noite.
Percebia
que as lâmpadas da saudade se acendiam pela primeira vez, e, no entanto, dentro
de mim, uma simples constipação de palavras brincava num pequeno verso,
Triste,
distante, eu sabia que era noite, e que os holofotes da desgraça vinham em
minha direcção.
Esqueci-me
de olhar o pôr-do-sol, não interessa, amanhã novo pôr-do-sol acordará, sem
insónias, sem preguiça, como hoje, dentro dos lençóis iluminados pela
tempestade de silêncio que se faz sentir dentro da casa, submersa em pequenos
fios de nylon, e às vezes, não muitas, o poeta arrepende-se de ter escrito o
poema; acontece quando o amanhecer é tardio, frio, ambíguo…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
04/01/2020
Sem comentários:
Enviar um comentário