sábado, 24 de fevereiro de 2018

Lisboa em chamas


O corte das palavras,

A garganta dilacerada pela imensidão do poema,

Quando os olhos da lua se cerram e dormem,

As cidades invadem os livros,

O projecto nasce na tela branca da solidão,

A água que se mistura no cotovelo das esplanadas de Verão,

E os incêndios nas mãos do poeta,

Uma caneta foge,

Abandona a casa dos espíritos,

Junto ao rio…

 

Amar-te paras quê? Se as minhas palavras são de aço,

Enferrujam os frágeis dedos de porcelana,

Quando da noite regressa,

E abraças a minha cama,

 

Lisboa em chamas,

 

As ruas desertas, os peixes cansados das paredes infestadas de ratos de papel,

A minhoca perfurando a terra, seca, cálida…

 

O corte das palavras,

A música perplexa nos confins da montanha,

Escrever-te? Amar-te?

 

Se o cupido morreu no meu olhar,

Numa noite de saudade,

 

Junto ao rio…

 

Abraças a minha cama!

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 24 de Fevereiro de 2018

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