Minha
querida Mirian,
A
pureza dos teus lençóis de prata enganando o meu rosto carcomido pelo teu
sorriso,
Recordo
os teus beijos aprisionados aos meus,
Quando
tínhamos a janela aberta e entrava em nós a fragância do Sol que nos abraçava
nocturnamente,
Poisavas
o teu cabelo nos meus seios suados pela tristeza da tua partida,
Ouvíamos
música, entrelaçávamos os dedos como duas crianças num qualquer jardim,
Brincando
com pequeninas pedrinhas de sombra,
Sabes,
meu amor,
Deixei
de ler os teus versos,
Deixei
de abraçar as tuas palavras como fazíamos no Inverno, quando abraçávamos o vento
regressado das estátuas de luz,
Deixei
de pertencer às tuas coxas desenhadas nos círculos de desejo, ao longe a árvore
que nos escondia da tempestade,
Deixei
de viver, meu amor,
Apenas
finjo caminhar sobre a areia molhada da tua pele…
E
ambas sabíamos que um dia tudo terminaria… a trágica morte das nossas sombras
de papel.
Beijos
Viviane
Alijó,
10 de Agosto de 2017
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