quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Uma vida em separado


O Diabo no corpo,

O ressequido esquiço da vaidade suspensa na noite,

A dor emagrecida prisioneira ao esqueleto de vidro,

O mar escalfado e esquecido na escuridão,

Barcos argamassados pela tua mão…

Ao deitar, três drageias e uma colher de xarope,

Um copo de uísque voa entre quatro paredes sem janelas,

Visto-me,

Fujo de casa com um livro na mão,

Nunca mais regressarei,

Serei um fugitivo nato, um homem sem casaco, nu…

Em direcção aos rochedos da morte,

Quero esquecer tudo, mas as tuas mãos recordam-me a dor,

E o sofrido corpo,

Domingo, Segunda-feira cá em casa, uma vida em separado, e mergulhado nos papéis da saudade,

Fujo,

Vou-me separar dos livros e dos pincéis,

Queimar todas as telas…

E sentar-me junto à janela…

E esquecer-te.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 9 de Agosto de 2017

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