domingo, 20 de novembro de 2016

Incertezas


Não sei o que fazem estes pássaros desajeitados no meu quintal.

A pobreza tomou conta deles,

Adormece-os enquanto não regressa a noite

E a doçura da paixão sobrevive ao luar,

Alimentam-se do meu cansaço que vive desassossegado na minha mão,

Insiste na nobreza do espaço,

Inventa tempestades de açúcar

Como se fossem nuvens em papel.

O sono é um livro de despedidas,

Palavras à solta nos socalcos da solidão,

O prazer construído na cidade invisível

Que imagina horários abstractos e doentes…

Não sei,

Não sei o que fazem estes pássaros desajeitados no meu quintal.

 

 

Francisco Luís Fontinha

20/11/2016

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