Não
sei a quem pertencem os teus olhos
Esboçando
sombreadas canções nos meus braços
A
luz incendeia a noite em despedida
Não
sei a quem pertencem
Os
olhos
As
cidades
E
os distantes lugares
Dos
teus lábios
Lábios
Em
chamas
Sinto
as nuvens nos meus ombros
E
tenho nas pálpebras
As
húmidas manhãs de Primavera
Os
olhos
Não
sei
Como
às palavras roubadas
Enquanto
os pigmentos da paixão
Alicerçavam
as cordas da prisão
O
cais
O
teu corpo fundeado em mim
Respirando
as sílabas do primeiro encontro
O
cruzamento
A
estrada da vida congestionada
E
os olhos
E
as palavras
Lábios
Em
chamas
Esboçando…
Clarabóias
de medo
Nas
frestas do silêncio
O
amor
A
solidão vestida de amor
Lá
fora
Os
olhos
Numa
fotografia de família
Os
pais
Os
irmãos
E
E
os olhos
Lá
fora
Nas
palavras
Sempre
as palavras dos teus seios
Nas
rodas dentadas do desejo
A
claridade das tuas coxas
Os
olhos
A
boca
O
sémen estampado numa tela
Branca
Negra
A
noite
Vens
Desces
os socalcos do prazer
Despes-te
e danças para o espelho da melancolia
E
o amor
Vens
Despes-te
Nos
olhos
Dos
olhos
O
poema brincando na tua pele de madrugada
Acabada
de nascer
Apagam-se
as personagens dos versos
Ficam
na tua roupa
Como
cadáveres de espuma
Fingindo
orgasmos
E
Domingos num parque infantil
Brincando
Nos
olhos
Os
olhos
Nas
palavras
E
nos destinos mais escondidos da tua mão…
As
cidades respiram
Meu
amor?
As
cidades sentem no corpo
As
melódicas canções do poema
Meu
amor?
O
papel inanimado sobre a secretária do pensamento
Os
fósforos pontapeando pedaços de lágrimas
Contra
o copo de uísque
Sem
nome
O
corpo da cidade
Dói-lhe
Menina?
Os
livros acorrentados ao teu cabelo
E
as serpentes do luar
Dentro
de quatro paredes
As
janelas onde poisas o queixo
No
meu colo
A
tua cabeça de diamante
Não
lapidado
O
sorriso
O
sorriso apaixonado de uma vogal
E
da cidade
As
tristes âncoras da morte
És
Meu
amor…
O
triste silêncio das âncoras de prata…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
5 de Abril de 2015
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