Não quero ser como
tu,
uma cratera de
palavras,
invisíveis,
e mortas,
não,
não quero pertencer
às tuas mãos,
não,
não quero poisar no
teu peito envenenado pelo silêncio de pedra,
e às vezes, sem o
saber, escondo-me na tua sombra,
como um rio
amachucado,
dentro de uma folha
em papel...
como um rio
engasgado nos rochedos da melancolia,
hoje, Domingo,
Março, primeiro dia...
de quê?
da tristeza?
ou... ou do inferno
entardecer vestido de cidade...
ruas,
automóveis
enlouquecidos correndo até ao mar,
avenidas e ruelas,
Março,
primeiro dia...
não,
não quero ser como
tu...
um calendário
pendurado numa das quatro paredes do abismo,
sem coração,
sem pálpebras de
nada quando acendes a luz e a literatura voa nos nossos corpos,
somos dois pontos
esquecidos no espaço,
um buraco negro,
corremos em direcção
à estrela mais próxima...
e acordam as cinco
primeiras canções das estátuas de pedra,
há no teu olhar as
sete imagens da seara do sono,
e dos sonhos vejo os
transeuntes procurando a sombra do pôr-do-sol,
estás triste, hoje,
primeiro dia,
Março,
e sem o saber...
hoje é Domingo...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 1 de Março
de 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário