(desenho
de Francisco Luís Fontinha)
Beijou-me
literáriamente, sorri, levantei o olhar em direcção às palavras
de amar, não tive coragem de abraçá-la com as vogais e as
consoantes do poema, alegremente imaginava-me um transeunte sem
identidade, nos sonhos aparecias vestida de melancolia, as
fotocópias e as fotografias, sem identidade, nome, palavras de amar
Amanhã?
Não
o sei, percebi que as pálpebras do desejo habitavam nos nossos
corpos de cinza, perdia-me nos teus braços como se perdem as
gaivotas nos cacilheiros da saudade, palavras, palavras enigmáticas
em construção, o corpo minguava na escuridão, o monstro das quatro
cabeças dançando nos meus ombros, sentia-me uma circunferência sem
olhar, sem... sem um corpo para aportar, a saudade
Sentidas,
Os
triste silêncios da minha infância saltando os muros da Primavera,
as amendoeiras em flor, as andorinhas apaixonadas, e eu
Sentidas,
A
saudade que os meus braços abraçavam,
Saudade?
Caminhei
sobre as pedras sonolentas da literatura, cansei-me dos teus poemas e
da “merda” dos teus desenhos,
Sentidas?
Sem
identidade...
/(ficção)
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
1 de Março de 2015
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