Porto, 27 de Janeiro
de 2015
Não te oiço
olho os pássaros
suspensos nas árvores
e imagino-te um
poema em construção
não te oiço
mas sinto o ranger
do teu corpo
como um comboio
descontrolado
triste...
tão triste que não
sabe o significado da dor
tão triste... que
se aprisiona no silêncio de um longínquo corredor
tens nos olhos a
noite estampada
e não existem
estrelas nas tuas mãos...
nem luar no teu
sorriso
não te oiço
invento horas num
relógio imaginário
os dias
as manhãs
tudo não passa de
um sonho
e não te oiço
meu querido
porque imagino-me
nos teus braços
passeando as ruas de
Luanda
víamos os barcos
e as sanzalas...
sem que eu
percebesse o que era a morte.
Francisco Luís
Fontinha
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