sábado, 24 de janeiro de 2015

Círculos de papel


(desenho de Francisco Luís Fontinha)


sentíamos o peso do clítoris amanhecer
suspenso nas telhas de vidro do silêncio
tínhamos nos braços o suor das palavras
consumidas pelo fogo da paixão
havia um abraço de luz
nas verdejantes lápides da solidão
e apenas um finíssimo orgasmo de iões brincavam nas pálpebras da escuridão
havia o medo de não regressar
estávamos em círculos de papel
quando do espelho corpo em evaporação
uma gaivota soletrava os gemidos da maré...
os barcos arrependidos choravam como choram as crianças em flor.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 24 de Janeiro de 2015

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