foto de: A&M ART and Photos
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vês o meu velho e estranho corpo
dentro da insónia madrugada
percebes que dentro de mim existe um
conjunto de roldanas, rodas dentadas e alguns tristes veios
mergulhados na escuridão da partida
um comprimento indefinido de corda em
perfume sisal adormece no teu pescoço de porcelana
sinto-te nas pálpebras de granito que
a manhã deixou sobre a mesa-de-cabeceira
é tarde
temos fome de partir
correr em direcção ao rio com
palavras de azulejo apodrecido
tocar na pele do mar
olhar no relógio de pulso o pulsar do
desejo...
é tarde
temos de partir... partir para o
prometido beijo
… sem sentir o palpitar do vento
entre os corações de areia e as rochas abandonadas
um candeeiro de água salgada semeado
no centro do passeio libertino
dois esqueletos de saliva deambulam
como se fossem a alegria transformada em silêncio
o medo que o desejo roube todas as
esplanadas de vidro
o cheiro das janelas com mãos de
putrefacção acordam em ti e alicerçam-se aos teus cabelos de
estanho
estranho mundo onde vivemos porque não
sentimos o que temos
porque não o sabemos
ainda... se amanhã acordarás sobre o
meu peito
ou... enforcada paixão nos ombros do
plátano de cinzeiro gaivota atravessando pontes invisíveis
lágrimas com sabor a pétalas de
carvão escrevem-se em mim
fico envergonhado
sem jeito...
triste... assim... assim como ficam
tristes os livros dos teus seios quando líamos abraçados num sótão
de insulina...
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2014
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