foto de: A&M ART and Photos
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Sentia-me desgovernado dentro do teu
corpo melódico de poesia envenenada,
tínhamos descoberto as tristes
pálpebras dos candeeiros de papel...
e havia em nós uma penumbra neblina
com assobios de escuridão,
Sentia-me prisioneiro das mãos tuas em
castanhas árvores de parede,
tinha medo de perder a sombra,
tinha medo de perceber as andorinhas
com vestidos de chita,
Sentia-me desgovernado nos alpendres de
alvenaria invisível,
inventava recreios numa remota escola
de aldeia,
chamava a mim a cidade... e a da cidade
vinham os teus olhos,
E da cidade acordavam os lábios
submersos nas tempestade de areia,
um coração chorava, um coração
zangava-se com o amor das palavras escritas por nós...
sentia-me um vagabundo sem sentido que
sentia os alicerces da própria cidade,
Sentia-me como tu não sabendo que do
espelho havia beijos,
saudade,
e da cidade... os teus malignos cabelos
infestados de pólen, e cinzentos abraços...
Sentia-me,
aos poucos envergonhado, cansado... do
teu corpo melódico de poesia envenenada,
e aos poucos, e hoje... sei que não
tenho nada.
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 15 de Fevereiro de 2014
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