foto de: A&M ART and Photos
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A cobra negra invade o corpo de trapos
da bailarina,
uma espessa sombra de néon adormece
nos cabelos tristes do palhaço de vidro,
a cobra pertence-me, é-me fiel como
foram os arbustos das sílabas de carvão,
uma espessa, sombra, noite mergulhada
nos candelabros braços de marfim,
a cobra pertence-me como se fossem
palavras de solidão entre os lábios da saudade,
a loucura espreita no peitoril
abandonado da minha velha janela de zinco,
minto, sinto o corpo dele clarear os
infinitos confins dos espigueiros do medo,
penas, árvores, cadeados em confronto
com todos os livros da cidade,
e a cobra,
a cobra sabe, que a falsidade,
inventa-se, como as flores de papel dentro dos cortinados de veludo,
como os corações apaixonados
desenhados no tronco de um apodrecido barco de brincar...
e sei, e sinto... sinto que amanhã uma
cinzenta avenida crescerá na minha mão,
e
e chamá-la-ão de mar, amar, a um
barco de brincar.
@Francisco Luís Fontinha
Quinta-feira, 13 de Fevereiro de 2014
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