foto de: A&M ART and Photos
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(Tinha prometido que
nas próximas semanas não publicaria nada, poesia, textos... mas as
palavras são mais fortes do que a dor...)
Converso com as vozes inaudíveis das
montanhas ínfimas em ti
e percebo que o medo absorve-te como se
fosses um alimento comestível na boca do Inferno,
oiço as sílabas distorcidas que
brincam nos teus lábios de sebe envergonhada como eu,
oiço das montanhas ínfimas em ti os
segredos nossos vividos entre o silêncio e a preguiça do
desassossego,
habitas as transversais listras negras
do temido sono que acordam todas as manhãs na garganta do
sofrimento,
vives porque pareces um mendigo
travestido de mendigo,
vives porque és o verdadeiro mendigo
de mim... que ficou em ti de quando éramos poetas vagabundos sobre
as árvores dos jardins sem braços em prata,
postais e revistas,
livros e pornografia barata, simples,
submersas as tuas mãos em veludo fino,
cortinados que abanam e cintilam nas
vozes nocturnas do amor,
amar-te como se ama uma lareira poética
nos seios das finas lâminas da tristeza,
deixamos ficar a alegria nas sarjetas
do póstumo amanhecer...
(… e
e fazemos de conta que em todos os
sábados existe uma amoreira por beijar...
tu),
E fazemos de conta que as estradas que
me levam a ti são em puro chocolate,
e fazemos de conta que dos teus beijos
saltitam mãos de espuma,
areais de seda e janelas com olhos de
vidro,
e...
… e fazemos de conta que em todos os
sábados...
que hoje não existe vida nos teus
brancos cabelos,
que hoje a noite parece um mórbido
cobertor de Inverno sobre os joelhos teus quando ainda acreditas nos
desejos pergaminhos da laranjeiras,
as palavras são propositadamente
embriagadas para esquecermos a cinzenta estória sem livros para
pintarmos,
temos em nós os vestígios carris do
aço disfarçado de recta paralela,
a trigonometria da dor quando do
envidraçado muro da desgraça uma rosa se submete aos teus encantos,
és lindo, és tu que albergas as
minhas desventuras montanhas ínfimas em ti...
… e todos os sábados existe uma
amoreira por beijar... tu... o pai que sempre quis ter.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 25 de Janeiro de 2014
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