foto de: A&M ART and Photos
|
salivas-me as serpentes de fogo do
relógio nocturno da escuridão
havíamos construído o pêndulo do
desejo
que ficou no centro do vulcão teu
beijo
às derramadas sílabas que a paixão
enfurece
emagrece a montanha branca das ribeiras
desertas
abraças-me em longos ramos de cetim
que escondem as janelas do quadriculado
caderno das madrugadas embainhadas nos pulmões das aranhas de
silício castanho
salivas-me as velhas cinzas dos
cigarros embalsamados
e sinto-lhes o cheiro dos esqueletos de
palha quando mergulham no rio dos Luares apaixonados
uma gaivota poisa nos teus seios de
cartão
e sinto-te prisioneira das amarras
vagabundas nas ruelas envergonhadas
salivas-me e deixo de ouvir os teus
brincos telintarem nas lâminas dos veados negros
uivam os lobos do teu orgasmo
entre geadas e plumas num bar
desgovernado quando me salivas as palavras prometidas então...
a púmice enrola-se nos sabres de luz
teu corpo de orvalho
a alvorada estrelar das amêndoas com
chocolate derretem-se nos teus lábios que me salivam as vozes
íngremes desvairadas que o Inverno inventa nas lareiras do orgulho
tenho medo de ti
como sempre o tive quando vinham na
minha direcção os eléctricos e as marés de sémen dos homens
apátridas que a tempestade recriou no cenário da vaidade
sinto-lhes o cheiro a vodka quando
atracam nos meus ombros sombreados
e pareço um transeunte mendigo de
fotografia na lapela
um doente mental diplomado
descendo e subindo
escadas corpos medos
e salivas-me como se eu fosse uma rosa
encarnada a envelhecer numa jarra falseada...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 30 de Novembro de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário