foto: A&M ART and Photos
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Não desistas cidade adormecida
em procurar o mar perdido
não não desistas dos rios submersos e
das esplanadas inventadas
por mulheres embriagadas
homens cansados mergulhados em marés
nocturnas de um quarto de pensão
não desistas dos sexos embainhados e
prontos à janela
esquecendo que dos pobres candeeiros a
petróleo sofrem as mãos do poeta
batendo teclas e acorrentado a um
edifício em formato de cadeira de vime,
Não desistas beijos aos socalcos rio
entranhado nos seios da montanha
ruas desertificadas desertas amontoadas
como lixo sobre a areia molhada
não desistas de brincar
e de desenrolar os lençóis em linho
pergaminho
mulher da vida invertida
como uma pequena equação sobre a pele
polaroid dos teus círculos de prazer...
luzes de esferovite começam das
lágrimas sobre a copa das árvores imaginárias
e dos barcos teus lábios eu sinto-te
dentro de mim como um vulcão estonteante,
E nobre
perdidamente apaixonado pelas pedras
veias dos xistos encarnados
ente os dias de solidão
e as nádegas húmidas dos torrões de
açúcar sobre a mesa-de-cabeceira
farto-me da tua voz parecendo uma
galinha implorando a chegada de um qualquer Sábado
de uma infinita semana
e nobre
teu meu corpo de serpente envenenada...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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