foto: A&M ART and Photos
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Não sabia que do teu corpo fios
gelatinosos de sémen
inventavam a paixão entre finas placas
de silêncio
escorrendo pela montanha dos teus olhos
vagabunda pele que te alimenta
e vagueia pelas mãos fungiformes da
saudade,
Escrevo no teu peito de madrugada
embrulhada nas filas nocturnas do mar
quando abraços de peixe
cambaleiam-se-te entre os teus cabelos de sono
e a minha língua em desejo
escrevo-te em todo o perímetro corpo
que mergulha em mim
como se tivesses nascido da água
salgada,
E como se água fosses
sabendo eu que tens ossos pertencentes
a um esqueleto de solidão
trazes nas pálpebras a insónia
a feliz argamassa das prisões de areia
onde me deito esperando-te e
esperando-te acordado desde manhã cedo,
Não existes em mim
porque pertences aos corpos gelatinosos
das árvores de papel
como crianças em círculos procurando
as palavras e as sombras
que da tua boca sobejam entre cedilhas
e parágrafos abandonados
por uma caneta de tinta permanente...
Não sabia que do teu corpo... de sémen
fúrias formigas em deleite amanhecer
percebendo-se das tuas tristes mãos às
janelas do medo
que os livros dele nunca conseguirão
aportar
sobre ti mulher inventada das noites em
cortinados de alecrim.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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