foto: A&M ART and Photos
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Flutuávamos como duas abelhas sobre desejos de mel,
abraçavas-me e beijavas-me, não percebendo eu, o significado do
amor em equações diferenciais, acariciava-te a integral tripla dos
teus seios, e tu, tu olhavas-me como se eu fosse uma flor com
pequenas convulsões, desejava-te, e não percebia, que eu, também
mulher como tu, mergulhava num círculo de tédio com pequenos cubos
de insónia, olhava-te, olhava-te... até me cansar, até
desapareceres do meu espelho verde alface que sempre viveu dentro do
meu coração, flutuávamos como duas serpentes e acabávamos pela
manhã, entre a madrugada e o amanhecer, enroladas uma na outra, como
duas cordas em sisal, como duas âncora a aprisionar barcos que
gemiam enquanto éramos pássaros, que saltitavam os quintais dos
velhos pescadores, como nós éramos, meu amor, duas simples gaivotas
sem qualquer plano de voo,
Tinha medo de perder-te, e ausentares-te de mim,
quando o pensava, parecia-me um suplício, uma tristeza disfarçada
de palavras, poucas, porque bastavam-nos os lábios, e nunca, nunca
precisávamos de livros, sebentas... ou canetas de tinta permanente,
porque éramos pétalas vagueando sobre um rio em delírio, porque te
amava como ainda te amo, a ti, ao teu corpo, aos teus sonhos, e às
tuas algas,
E como é triste, o silêncio do teu corpo,
Como são tristes, as tuas algas, os teus
esconderijos, que fazes-me procurar-te entre pinheiros e gaivotas,
entre marés e o pôr-do-sol, como é difícil olhar-te e ouvir da
tua voz
Amo-te, minha querida,
Como, o quanto difícil é, dizer-te
Amo-te, minha querida,
Como são tristes, as tuas nádegas, depois de
partires, como será sempre triste, a tua triste ausência, navegando
tu pelas sílabas dos alicerçados desejos, e como são tristes,
todas as peles bronzeadas que te conheci, quando deitavas a tua
cabeça sobe os meus seios, e imaginávamos barcos a brincarem nas
nossas coxas...
Sempre tua,
Ana.
(ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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