segunda-feira, 1 de julho de 2013

e nunca e nunca tenhas medo de me desejar...

foto: A&M ART and Photos

deseja-me imprimido nos teus braços
como fatias de xisto expostas à claridade dos teus lábios
deseja-me em fios de luz
como as sílabas escondidas no poema
deseja-me entre clarins e melancolias quando desce a noite
e te vestes de neblina,

deseja-me dentro de um espelho
morto
cansado e abandonado
não importa o desejo teu quando acordarem as estrelas em ti
mas por favor...
se me ouves
deseja-me nem que seja apenas em verso
pensamentos vagos
mas deseja-me... ou em sonhos
nas palavras ou em arbustos junto ao Tejo
… deseja-me como se eu fosse uma flor na boca de uma abelha
deseja-me ou inventa desejos em mim como se fossem os teus desejos,

as tuas tristes palavras
deseja-me antes de adormeceres
se o conseguires
reza como se eu fosse o teu Deus
Cristo crucificado nos teus braços de insónia
doirado teu adormecido corpo
arde como madrugadas em delírio...
e nunca e nunca tenhas medo de me desejar...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

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