Dos dias supérfluos mergulhados na fome orgânica
vêm as palavras azedas fel que depois de acordar a manhã morrem
contra os rochedos de espuma desenhados pelas mãos de uma mulher
imaginada por um cego, húmidas flores palpáveis que os lábios do
sonho deixam ficar dentro dos lençóis de maré em cada final do
dia, acorda a noite, e despede-se o louco da razão misturando as
drageias nas palavras sem sentido, escritas nas paredes vadias de uma
casa de banho pública, o urinol agarrado à parede invisível que o
homem pequeno transporta nas algibeiras juntamente com os cigarros,
os beijos e todos os desejos,
Desaparecem,
Morrem,
Fingem-se cansados depois de um fluido misturar-se
com o olhar do vizinho do lado saboreando mentalmente o pénis
alheio, o cego, sentia-o como se sentem as picadas no peito quando o
verdadeiro amor tomba no pavimento de areia de um quarto de pensão,
quinto andar, águas-furtadas, e lá fora, todas as abelhas
Desaparecem,
Morrem...
( )
(texto de ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó
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