Mostrar mensagens com a etiqueta cansado. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta cansado. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Este rio

 

O que faço junto a este rio

Enquanto o meu corpo desfalece,

E ao longe, a ponte

Corre para o mar,

O que faço junto a este rio,

 

Frio e cansado,

Abraçado ao medo,

Distante do luar.

E será este rio

A minha sepultura?

 

Ou será este rio

O leito da minha solidão,

Das noites acordado,

Nas noites inventando

Este rio cansado,

 

Porque neste rio

Enforcado,

Habitam as minhas tristes palavras,

As palavras que semeio nas estrelas em papel…

Ai as palavras semeadas!

 

O que faço junto a este rio

Enquanto a minha sombra vagueia sobre um mar de lápides,

Enquanto um cardume de insónia

Desce a montanha da tristeza…

E este rio me foge na madrugada.

 

 

Alijó, 14/10/2022

Francisco Luís Fontinha

sábado, 23 de março de 2019

O espelho


No rosto a flor queimada da madrugada,

A sombra voadora do silêncio inanimado,

Os sopros dos corpos amachucados,

Quando a minha voz, cansada, trémula… se desfaz,

Em pequenas gotículas de geada,

O triangulo, o quadrado,

A canção revoltada,

Pelas palavras,

Do nada.

A boca silenciada,

Para mim, tanto faz,

Que seja de manhã, anoitecer…

Ou nada,

No rosto, as lágrimas dos telhados,

Nas sílabas incendiadas por um louco,

De tudo, nada,

Ou pouco.

A geada madrugada,

Os camuflados sorrisos do nada,

Coitados,

Tanto trabalhar,

Tanto amor,

Que de uma flor,

Vê-se o mar

E o nada.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

23/03/2019