sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A espuma do teu olhar


Sinto a espuma do teu olhar

Dentro das paredes do meu corpo

Eleva-se e evapora-se

Como farrapos de poesia poisados nas pálpebras da solidão

Este corpo que nunca me pertenceu

Foi alugado ainda eu criança…

Numa rua sem nome de uma cidade sem idade

Num País sem destino,

 

Sinto-a

Como sinto as tuas mãos de porcelana

No meu rosto

Às vezes invisíveis

Outras… tristes e obscenas

Como um livro

Que dorme numa prateleira de cetim

E que habita num qualquer jardim.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

sexta-feira, 18 de Dezembro de 2015

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Acreditas nas gaivotas em papel?


Encontramo-nos no infinito,

Só os dois,

Como as velhas espigas de milho em Carvalhais,

Sentávamo-nos na eira

E ouvia as tuas estórias…

Dizias-me que um dia o rio acordaria no meu leito,

Até hoje, ainda não vi esse rio,

Talvez te tenhas enganado,

Talvez esse rio já tenha adormecido no meu leito…

E eu, e eu sem dar por ele,

Acreditas?

Acreditas nas gaivotas em papel?

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

quinta-feira, 17 de Dezembro de 2015

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A lareira das estrelas


Esta sinfonia estonteante

Que me obriga a esconder

Dentro do rochedo da solidão…

Não termina nunca,

Parece abstracta,

Silenciosa,

Amarga

E disfuncional,

Sou obrigado a ver as estrelas

Que construíste em papel,

E eu, acredita, apetecia-me colocá-las na lareira

E espalhar as cinzas ravina abaixo…

 

Até ao rio!

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

quarta-feira, 16 de Dezembro de 2015