segunda-feira, 15 de outubro de 2012
domingo, 14 de outubro de 2012
As espadas do sonho
-->
Experimento as espadas do sonho
quando rompem as ondas desgovernadas
das manhãs de Outono
na janela com fotografia a preto e
branco
os cotovelos alicerçam-se
e das raízes da solidão
ao longe
os socalcos de xisto mergulhados no
infinito cansaço
se eu tivesse um barco
voava sobre as nuvens de prata
quando o sol na minha mão
se extingue contra as rochas da noite
em findos minutos de nada
percebia-se pelos olhos do boneco de
palha
que as estrelas tinham deixado de
brincar
e que a lua menina
saltitava nos assobios dos melros
que era noite no lençol de linho
e alimentava as locomotivas com
círculos e palavras
que era sábado nos sábados embrulhado
no cobertor à procura da lareira
sabendo que um qualquer livro espera
por mim
e me abraça
nas salas despovoadas com mesas e
cadeiras mortas
e flores
flores mergulhadas no cio da neblina
(Experimento as espadas do sonho
quando rompem as ondas desgovernadas
das manhãs de Outono)
e flores
flores mergulhadas no cio da neblina
duas horas antes de eu adormecer...
(poema não revisto)
O sótão de sombras
As lágrimas das árvores
brincam no silêncio da tarde sem nome
na penumbra viagem do vento
acariciam-se os sorrisos das pedras
nos lábios do poema
fingindo orgasmos abstractos
que uivam dentro do cubo de vidro
e o homem com o chapéu construído de
sonhos
leva na algibeira a moeda finíssima
para atravessar o rio da morte
quando chovem os teus cabelos
sobre a eira de Carvalhais,
oiço o sino da igreja
a enrolar-se nos pinheiros de papel
colados no muro da insónia
as palavras
as palavras dos pássaros voadores,
dentro do céu
as escadas que me transportam para o
sótão de sombras
onde o candeeiro a petróleo
dorme vagarosamente no tecto da aldeia,
e cessam as sílabas
de todas as portas e de todas as
janelas
que fervilham antes de cair a noite
em desejo.
(poema não revisto)
Subscrever:
Mensagens (Atom)