sexta-feira, 17 de agosto de 2012
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
A preto e branco nas equações do amor...
Uma mulher de vidro poisou nas minhas palavras
sobre a secretária de madeira
invento-lhe história com fotografias a preto e branco
que trouxe de Angola
os barcos ainda vivem
e navegam entre paredes de limão
e o fumo dos cachimbos ensonados junto aos livros desassossegados
uma mulher
no meu álbum de fotografias
uma mulher que hoje é uma menina
e ontem
e ontem galopava no cavalo branco com sílabas de cetim
perdi-lhes o nome
olho-as e quase desconheço os lugares
e os cheiros
e todos os nomes do caderno preto
vejo o mar
e o mar parece um amontado de ruínas de cimento
vejo as árvores
e todas as árvores mortas nas janelas dos pássaros sem cabeça
perdidos no meu álbum de fotografias
vejo o mar
e todos os barcos são pedaços de madeira
dentro dos dias ensanguentados de insónia
e princípios de solidão
os calafrios da morte
a preto e branco
nas equações do amor...
sobre a secretária de madeira
invento-lhe história com fotografias a preto e branco
que trouxe de Angola
os barcos ainda vivem
e navegam entre paredes de limão
e o fumo dos cachimbos ensonados junto aos livros desassossegados
uma mulher
no meu álbum de fotografias
uma mulher que hoje é uma menina
e ontem
e ontem galopava no cavalo branco com sílabas de cetim
perdi-lhes o nome
olho-as e quase desconheço os lugares
e os cheiros
e todos os nomes do caderno preto
vejo o mar
e o mar parece um amontado de ruínas de cimento
vejo as árvores
e todas as árvores mortas nas janelas dos pássaros sem cabeça
perdidos no meu álbum de fotografias
vejo o mar
e todos os barcos são pedaços de madeira
dentro dos dias ensanguentados de insónia
e princípios de solidão
os calafrios da morte
a preto e branco
nas equações do amor...
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
e à noite deixei de ouvir-te
deixei de sentir o peso do meu corpo
e o vento levou-me o coração de silício
que eu transportava nas palavras
e escondia dentro do meu peito
escondo-me na tua voz invisível
e inaudível
que também ela se esconde nas tardes junto ao Tejo
deixei de sentir os abraços do inverno
e o beijos da primavera
deixei de sentir o peso do meu corpo
sobre a água salgada onde se suicidam os barcos do verão
com a voz cansada dos pedaços de cigarros em decomposição
na sepultura do amor
escrevo-te
despeço-me dos teus lábios antes de cair a noite
dentro dos lençóis da loucura
despeço-me com justa causa
ausência
infinitamente entre paredes e veredas de xisto
escrevo-te
e despeço-me
e será que me ouves quando abres a janela da torre do teu castelo de algodão?
Deixei de sentir as nuvens
e os finíssimos gemidos dos grãos de areia das brincadeiras no Mussulo
e deixei de ouvir as lanternas mágicas na rua com escadas para o sótão dos enganos
hoje timidamente ausente de ti e de mim e do próprio vento
e despeço-me
escrevo-te
da ausência do peso...
sou um pássaro de papel
que voa em direcção ao buraco da solidão
escondo-me
escrevo-te
da ausência do peso das palavras
que escreves nas paredes do meu esconderijo
a noite
e à noite deixei de ouvir-te
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