quinta-feira, 7 de junho de 2012

deserta a noite e o amor



o meu coração vazio
como uma sala em ruínas
com muitas janelas
sem vidros
o meu coração vazio
com muitas portas
sem saída
em ruínas

deserto o dia
deserta a noite e o amor
com muitas janelas
com muitas portas
sem vidros
sem flores
sem cores
sem saída

quarta-feira, 6 de junho de 2012

deixei de folhear-te como ontem o fazia



deixaste de acordar nas minhas mãos
e nunca mais peguei em ti
deixei de folhear-te como ontem o fazia
e hoje odeio-te
como na semana passada

deixaste de acordar
nas minhas mãos iletradas
e dos dias que morrem no calendário de parede
o esquecimento ganha forma e cresce de ti

aos poucos
odeio-te
aos poucos
deixei de folhear-te

hoje
hoje olho-te indiferente
sem o prazer de tocar-te
ou ler-te
ou simplesmente olhar-te

não quero saber de ti
e de todos os livros da minha biblioteca
que vivem desassossegados ao teu lado

odeio todos os livros
e todas as palavras
e todos os vidros da janela da noite.