domingo, 18 de agosto de 2024

 

A serpente enrola-se no pescoço da manhã, e sem o saber, deita-se sobre a sombra, puxa de um cigarro, ilumina a fragilidade do sono,

E emerge no rio a tempestade de estar vivo; ele, precisa de morrer, e não sabe como o fazer.

 

A morte desejada será o sossego quando o seu corpo for apenas pó,

Cinza esquecida sobre a mesa, lâminas de insónia, capazes de atropelar qualquer objecto deposto na algibeira de um pedaço de terra,

 

Sinto-me cansado de amar e cansado do silêncio que lança para o mar,

Coisas; objectos.

 

Pedras.

Espadas que se espetam no peito da aurora boreal, e dele, jorra um líquido místico de penumbra e de vento. Todas as janelas desta casa estão prisioneiras de um momento, ou de um pequeno nada

Sem sentido, sem estrada.

 

Todos, somos pequenos objecto, sem sentido, sem vida.

Sem estrada.

leituras


 

 

Desenho o teu doce olhar

Quando acorda a primeira lágrima da manhã,

E depois da noite se deitar,

Ensonada,

Vêm a mim as palavras de escrever,

E as estrelas de desejar,

 

Transportas nesse doce olhar,

Lágrimas,

Às vezes,

Tristeza,

 

Desenho o teu doce olhar

Nas lágrimas que escondo na insónia,

Sento-me, às vezes, numa pedra cinzenta,

Triste,

Que lamenta…

As lágrimas do teu doce olhar.

sábado, 17 de agosto de 2024

 

Há quanto tempo

Há quanto tempo tantas coisas

Que já nem sei…

Há quanto tempo

As coisas

São coisas,

 

Há quanto tempo

O Sol não acorda de manhã

Há quanto tempo

O desenho de um abraço

Não cresce na minha tela,

 

Há quanto tempo

Há quanto tempo a Lua se veste de tristeza

E a tristeza

Se pigmenta de Lua,

 

Há quanto tempo

Há quanto tempo não desenho um sorriso no mar

Há quanto tempo

Há quanto tempo não consigo sonhar.

 

O poeta hoje, não está bem. A noite foi muito agitada, deixei o carro na avenida, quase não me lembro de me ter deitado e hoje, quando acordo e tento erguer-me, com a luz apagada, pensando que estava a sentar-me na cama, e não estava e caí e lesionei a parte lombar.

Coisas que só acontecem aos poetas.

Por estas e por outras razões, hoje não haverá poesia.

Amanhã será um outro dia.

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

 


Há 48 horas sem ir à cama, uma passagem pelas urgências de Vila Real, o amigo Gijon ou mais conhecido por

(Piratão) continua vivo e preparado para mais uma noite de festejos.

Festa em honra de Santa Maria Maior. Alijó.

 

pareço um corpo

embriagado no escuro. o peso das pálpebras é superior ao peso da luz,

multiplicando por quatro

o silêncio da saudade.

uma estrela morre na minha mão, a esferográfica silencia-se perante o peso da luz,

e suicidara-se de seguida

contra as pálpebras embriagadas do escuro. o mar

entra logo pela manhã, quando a janela está aberta

e há um quadro, só, suspenso numa parede. não tem nome, esta pintura.

pareço um corpo

desgovernado em direcção ao sol. deixando cair, aqui e ali, pequenas coisas, construídas de barro e medo. só uma luz é capaz de furar a ausência, elevar sobre as árvores, as ninharias e velharias, sobre uma mesa plastificada com pequenas gotículas de um líquido embriagante, ou cicuta ou

um pedaço de sono.

ou um corpo ausente.