sexta-feira, 16 de agosto de 2024

 

pareço um corpo

embriagado no escuro. o peso das pálpebras é superior ao peso da luz,

multiplicando por quatro

o silêncio da saudade.

uma estrela morre na minha mão, a esferográfica silencia-se perante o peso da luz,

e suicidara-se de seguida

contra as pálpebras embriagadas do escuro. o mar

entra logo pela manhã, quando a janela está aberta

e há um quadro, só, suspenso numa parede. não tem nome, esta pintura.

pareço um corpo

desgovernado em direcção ao sol. deixando cair, aqui e ali, pequenas coisas, construídas de barro e medo. só uma luz é capaz de furar a ausência, elevar sobre as árvores, as ninharias e velharias, sobre uma mesa plastificada com pequenas gotículas de um líquido embriagante, ou cicuta ou

um pedaço de sono.

ou um corpo ausente.

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