segunda-feira, 26 de junho de 2023

Poetas que sofrem

 

Há estrelas que se suicidam,

Estrelas que se apagam no céu nocturno do desejo,

Há estrelas que nascem,

Que crescem…

Estrelas que morrem,

 

Há poetas que se matam

E morrem como as estrelas que se suicidam,

Poetas sem pão

E poetas com demasiado pão,

Poetas e estrelas e o silêncio…

E o silêncio da solidão,

 

Poetas que sofrem,

Que sofrem porque há estrelas que se suicidam…

Estrelas com lágrimas

E estrelas que desenham sorrisos,

Sorrisos no rosto dos poetas que se matam.

 

 

 

Francisco

domingo, 25 de junho de 2023

Parvoíces

 


Escrevo-te

Sem que eu perceba se te escrevo…

Ou faço outra coisa qualquer.

Escrevo-te

Sem que eu perceba se estou a escrever ao professor Luís Mesquita,

Se estou a solicitar alguma coisa…

Do professor Carlos Andrade…

E sinceramente…

Já não sei a quem escrevo.

 

Provavelmente direi…

Direi que o teu corpo é uma viga alveolar…

E a mais bela viga alveolar…

Do Ansys…

Escrevo-te acreditando que o calor que entra mais o calor gerado

É igual ao calor que sai mais o calor acumulado…

Tudo isto

No teu corpo.

 

E mesmo assim

Escrevo-te…

Parvoíces

Coisas sem significado algum

Que ninguém percebe

Que ninguém quer perceber…

 

Escrevo-te.

 

 

25/06/2023

Silêncio de mel



O teu corpo…

O teu corpo é um poema que se escreve a cada noite de insónia

O teu corpo

O teu corpo é um pedacinho de luz

Na escuridão da paixão…

Quando a lua beija o mar.

 

O teu corpo é um silêncio de mel

Uma estrela sem nome

Lá longe

Lá longe…

Do teu corpo.

 

O teu corpo

O teu corpo é o colorido da manhã…

A cada sorriso de uma lágrima

No teu corpo

Acorda o pôr-do-sol

Que alguém desenhou…

No teu corpo.

 

O teu corpo…

É o poema

Com palavras

Ou com apenas silêncios de mel…

A cada noite que passa

Depois de cada dia

Se agarrar ao teu corpo

De silêncio de mel...

Em beijos de poesia.

 

O teu corpo

O teu corpo é uma jangada em desejo

É a tempestade do mar revolto…

O teu corpo

O teu corpo é o socalco que olha o rio…

Desse teu corpo rio

No teu corpo…

Em silêncio de mel.

 

 

 

 

 

25/06/2023

(depois…, claro. Que sou louco, que sou tolo… devido às merdas que escrevo e às merdas que desenho)

 

 

 

25/06/2023


 

O monstro das palavras e dos rabiscos

 

No corpo ensanguentado da solidão

Poiso a minha espada

E enquanto invento um cigarro de nada

Penso

Penso como eu seria feliz sem palavras…

Como eu era feliz se não tivesse traços para semear

Numa tela

Ou numa simples folha em papel.

 

Como são felizes os pássaros…

Sem as palavras,

Sem os rabiscos que apenas a noite adora

E aprecia,

 

Neste corpo

Onde esta velha espada se crava

A cada silêncio

A cada amadrugada…

Acorda um monstro…

Que grita

Que se eleva quando acorda a manhã…

E só regressa quando não existe mais nada.

 

 

 

25/06/2023

Poema

 Este poema.

Este poema sem ninguém

Este poema só

Na voz de alguém

Este poema.

Este poema sem ninguém

Sem mais anda

Este poema

Numa palavra.

 

Morre o poema

Morre o poeta

A palavra também morre…

Este poema.

Este poema sem ninguém…

Enquanto este barco de espuma

Frio

Escuro

Esconde-se dentro deste poema

Deste poema sem mais nada.

 

Este poema.

O meu poema…

Uma palavra

Na ausência da palavra

Sem ninguém a palavra

Deste poema

Este poema…

Sem mais anda.

 

 

 

25/06/2023