O
sítio enigmático deste corpo balançando sobre o mar,
as
náuseas do sono suspensas na manhã…
como
se o dia fosse uma rua sem saída
numa
qualquer cidade sem nome,
o
grito arremessado contra a dor
descendo
a solidão pelos obstáculos do sonho,
envelheço
como envelhecem todas as palavras,
envelheço
como envelhecem todos os livros…
e
sobre o mar
este
caduco corpo disfarçado de espelho,
as
fotografias perfumadas…
dentro
de um cubo de chumbo,
os
rostos desfigurados pelo tempo,
os
rostos precipitados contra os rochedos da ausência,
e
nas minhas mãos uma flor de cansaço
dentro
do amanhecer.
Sinto
o destino esquecido no corredor do sofrimento,
as
lágrimas de um menino brincando na ardósia da tarde
inventando
brincadeiras em papel…
e
desenhos na terra queimada pela noite,
da
escuridão o vento,
do
vento o desassossego do corpo
que
os socalcos arrebatam no silêncio da morte,
encosto-me
às marés de tédio,
encosto-me
aos pilares de sombra que o dia tece
na
alcatifa do amor,
as
horas tímidas no pulso de um coração aniquilado
pelo
desastre da madrugada,
ausência
minha nas tuas viagens,
ausência
minha nos cabelos do teu olhar…
como
o tempo estremece,
e
acorda depois da tempestade.
Francisco
Luís Fontinha
sábado,
15 de Outubro de 2016