sexta-feira, 27 de abril de 2012

Sonhos risíveis – Amores impossíveis

Sonhos impossíveis
amores risíveis (o livro dos amores risíveis, Milan Kundera)
palavras dispersas
no papel achatado pela solidão da manhã
sonhos parvos em cabeças parvas
letras
muitas letras e palavras
coisas sem nexo
sonhos
impossíveis
amores risíveis
sexta-feira sem sol
e chove
e coisas dentro de mim
e coisas...
… sonhos

sexta-feira
sem livros
sem letras
sem palavras
na algibeira

sonhos impossíveis

sem palavras
sem letras

amores risíveis
amantes complexos
em quartos caquécticos

coisas
muitas coisas
muitas coisas suspensas na parede
muitas coisas suspensas na parede da solidão

antes de terminar o dia.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tinteiro & Aparo

Segunda-feira
a caneta pesada
terça-feira
a caneta cansada
quarta-feira
a caneta deitada
(excito-a e nada)
quinta-feira
a caneta começa a escrever
e na sexta-feira
sem eu saber
a caneta desmiolada
manda-me foder

(que saudades do tinteiro e do aparo)

A voz

Oiço a voz cansada da solidão
oiço a madrugada
poisada na minha mão
e suspiros de menta
e algodão suspiros
de quem não aguenta
a tarde em cansaços
poucos abraços
nos lábios em maldição
oiço a madrugada
oiço a madrugada da solidão
e suspiros de menta
quando uma bela flor
quando oiço a madrugada
sentada à janela
e o cortinado em clamor
afugenta
tão estranha dor
ser pedra de calçada
ou berma de estrada
ser engenheiro ou doutor
ou não ser nada.

O último adeus


O último cigarro
o último Orgasmo Pulmonar
nas tuas mãos de cinza pérola adormecida
canso-me nos teus lábios
nos teus braços
e olho-te enquanto te evaporas em mim
como a chuva que se entranha no meu corpo
como o vento que leva o teu sémen

o último cigarro
o último adeus

como o vento que sacode as tuas lágrimas
que se escondem no rio
o último cigarro
que leva o teu sémen

e te digo adeus.

(decididamente vou deixar de fumar)

quarta-feira, 25 de abril de 2012

“Estás no fio da navalha. Só tens duas hipóteses: deixar de fumar ou deixar de fumar...” (o meu médico de família)