quinta-feira, 5 de abril de 2012

Vida chata

Vida chata
A da miúda que engata
E não percebe que no fundo da lata
Vive uma gata
Sem pata
Vida chata
A da miúda que engata
Fumando o cigarro que mata

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Blog Cachimbo de Água em destaque


(http://cachimbodeagua.blogs.sapo.ao/)

Oceano sem braços

Há um oceano sem braços
No meu corpo emagrecido
Há um pôr-do-sol em cansaços
Nos olhos de um barco perdido,

Há um tempo sem gente
E uma biblioteca sem poesia
Há um oceano que mente
E vive na fantasia,

Há um oceano sem braços
No meu corpo emagrecido
Há um homem que procura abraços
Há um homem que vive esquecido.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Os homens e as palavras

Gerberas crescem dentro da cabeça do inferno, (e se a vida chegou à terra através de um cometa Pergunto-me E deus? Veio juntamente com o cometa ou algures no infinito a assistir ao nascimento…)
- Como se vê se as flores são frescas? E ao que parece… pela guelra, a vinte e cinco mil quilómetros por hora, a terra bombardeada por cometas e asteroides, e deus, e deus a assistir ao complexo infinito de luzes e cores,
E se deus tivesse proibido os cometas de bombardearem a terra? E se deus se embrulhasse em gerberas e adormecesse eternamente até se cansar,
Gerberas crescem dentro da cabeça do inferno
- E segundo os especialistas da NASA a vida na terra começou após o último grande bombardeamento por cometas e asteroides, há cerca de três mil e oitocentos milhões de anos,
E deus, e deus sentado à esquerda do filho, a olhar as gerberas dentro da cabeça do inferno,
- Como se vê se as flores são frescas?
Abre-se a janela do inferno e as gerberas erguem-se até ao céu, poisam nos lábios das estrelas e adormecem no estômago da insónia, faz-se noite em ti e do teu corpo as sílabas de silêncio abraçadas ao pindérico cortinado da madrugada, e ainda não tinha nascido o mar, e os barcos voavam de montanha em montanha, de penhasco em penhasco, de seio em seio,
- As gerberas
Sem coração e sem paixão e sem amor,
- As gerberas dentro da cabeça do inferno até que o dia finja ser noite em ti, hoje de seio em seio o pindérico cortinado da madrugada balança nas suaves mãos de silício do teu corpo, o mel arrefece o sabor da tua boca quando as algas vindas do universo comem o teu desejo entre três triângulos equiláteros, Pitágoras escreve no extenso lençol de seda e o outro segredava que um ângulo reto ferve a noventa graus,
(o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos)
Que têm as gerberas? Dentro da cabeça do inferno todas as palavras, dentro da cabeça do inferno todos os desejos e todos os pindéricos cortinados da madrugada,
- As gerberas em pedacinhos de nuvem antes de alguém encerrar a janela e o mar acaba de nascer, e os barcos deixam de voar e começam em mergulhos silenciosos a galgar as águas do teu oceano púbis,
Acorda o dia, nascem os homens e as palavras
- Inventam o fogo e todos os livros de Gogol ardem na fogueira (maldita inquisição), e as palavras derretem-se no cacimbo da manhã,
E as palavras incomodam muita gente.

(texto de ficção não revisto)

Relógio dos sonhos

Desesperadamente só
Dentro de um copo invisível
À procura da tempestade
Esperando pela chegada da noite

Desesperadamente só
O relógio dos sonhos
No pulso emagrecido da manhã
Antes do almoço

(Desesperadamente só
Dentro de um copo invisível)

A vida recheada de amêndoas

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A esplanada das horas

A purpurina manhã desce sobre a cidade melancólica, erguem-se as árvores e os pássaros e sentados na esplanada das horas, uma miúda gira, e sentados na esplanada das horas rompem entre candeeiros e luzes domesticadas as sandálias da infância, assobiam os calções à penumbra sombra que há em ti,
- Uma miúda gira solta a cabeça e desenha um beijo nas nuvens, E deixou-me adormecido até hoje, distante até hoje, olhas as mesas e as cadeiras sobre o pavimento alcatifado quando os dias se evaporam nas entranhas das tuas mãos, e depois, e depois sou apenas uma pomba desvairada à procura da primavera,
Já fui barco, já fui um edifício em ruinas, e a miúda gira, e já fui sombra com asas na ardósia da tarde, e a miúda gira semeia sorrisos no espelho da alma, e já dancei sobre uma mesa estacionada num bar sem nome sem gente sem palavras, e quando acordei estava nos braços da insónia, flutuava nos ais e uis da ponte que liga as duas margens, acordava com vómitos e vinha até mim o cheiro do mar,
- E depois vi esvaecer-se a porta, a janela, a parede, e depois à procura da primavera a pomba desvairada, visto-me de finíssimos fios de vidro e oiço da tua boca que me amas enquanto sobes as escadas até à montanha, sou feliz assim dizias-me tu quando poisavas a cabeça sobre o meu peito, e sempre soube que não eras feliz, sempre soube que te escondias das mangueiras e dos papagaios de papel, esqueci as sandálias da infância, e hoje vivo dentro da chuva,
(sou feliz assim dizia-me ele)
E não era.

(texto de ficção não revisto)

Visitante anónimo




Há pouco tempo publiquei um post dedicado a um visitante anónimo que ultimamente passa muito tempo no meu blog.
Segundo o Sitemeter a localização é em Mountain View, Califórnia, USA. Na altura não dei importância, mas hoje por curiosidade fui ao Google Earth e segundo a latitude e longitude, verifico que se trata de um parque de estacionamento, que junto existe possivelmente um aeroporto, edifícios da NASA… museu do computador.
Ao visitante anónimo ou anónima agradeço o interesse no meu blog e se forem Serviços Secretos, ou CIA, ou outra coisa qualquer, sou pacífico.

Francisco Luís Fontinha