segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Acordar

Espero impaciente pelo teu acordar
E que no final da manhã
O teu lindo sorriso de odor a mar
Me abrace

E nos teus olhos
Desapareça a tempestade
E cessem todas as dores
E cesse a saudade

domingo, 1 de janeiro de 2012

À mesa do café

À mesa do café esperava por ti,
Mergulhava num livro de António Lobo Antunes e ficava lá até que via a aproximação da tua sombra e puxavas silenciosamente uma cadeira e te sentavas e me olhavas, e finalmente vinhas visitar-me e finalmente pegavas na minha mão,
À mesa do café esperava por ti e eu imaginava-te num sorriso junto ao tejo quando eu passeava distraidamente e mergulhava nas lágrimas do rio e me sentava a junto a ele a fumar cigarros e quando terminavam os cigarros desenhava o teu rosto na água, e quando terminavam os cigarros pintava os teus lábios na neblina que me ofuscava a visibilidade, e ao longe, e ao longe a ponte desaparecia em pedacinhos de silêncio, e eu ficava lá,
- E vinte anos depois ainda mergulho nos livros dele,
Via a aproximação da tua sombra e puxavas silenciosamente de uma cadeira e te sentavas e me olhavas,
- Hoje não preciso de te esperar porque hoje já vives dentro de mim, e quando terminavam os cigarros ele pegava nos meus lábios e pintava-os de azul e quando me olhava ao espelho, e quando me olhava ao espelho tinha o mar na minha boca,
Gosto de ti diz-me ela antes de adormecer, gosto de ti antes de eu mergulhar nos livros dele e puxar de uma cadeira silenciosamente à mesa do café esperava por ti e ficava lá e te sentavas e me olhavas e oiço a tua voz Gosto de ti,
- E vinte anos depois ainda mergulho nos livros dele,
E ao longe a ponte desaparecia em pedacinhos de silêncio, e eu ficava lá a ver o mar pintado nos teus lábios e eu hoje sentado à mesa do café a mergulhar num livro dele e espero que acordes amanhã e pegues na minha mão e que o mar que pintei nos teus lábios esteja lá,
- Claro que sim seu parvalhão Amanhã vou acordar e o mar nos meus lábios à tua espera na mesa do café, e puxo silenciosamente uma cadeira e me sento e te olho, e finalmente vou visitar-te e finalmente pegas na minha mão e o mar que pintaste nos meus lábios abraçar-se-á à tua boca,
Gosto de ti antes de adormecer quando oiço a voz dela,
- Gosto de ti,
Quando oiço a voz dela e eu com um livro dele na mão espero que ela amanhã acorde e abra os olhos e me olhe e,
- Gosto muito de ti,
E nos lábios dela continue lá o mar que pintei,
- Claro que sim seu…
E ela amanhã acorde e pegue na minha mão.

(texto de ficção)

Os teus olhos de amanhecer

Dos teus lábios
Um finíssimo fio de espuma
Se mistura no mar
Dos teus lábios
Em desejo
Uma barcaça não desiste de navegar

E dos teus sonhos nos teus lábios
O sorriso de recomeçar
Em cada manhã
A cada luar

Dos teus lábios
Oiço as palavras engasgadas na areia que poisa no teu corpo
E se dilata nas mãos de um jardim com flores
E abelhas
E muitas cores
E no desejo de quando acordares

As flores
As abelhas
E as cores

Iluminem os teus olhos de amanhecer

sábado, 31 de dezembro de 2011


59,4 x 84,1 (desenho de Francisco Luís Fontinha)

Lábios de amêndoa

Me encantam os teus olhos de amêndoa
Suspensos nas alegrias da manhã
Me encanto nos teus lábios de poema
Sobre os meus braços

Deitados nas sílabas da minha língua
Me encantam os teus olhos
Me encantam as tuas mãos
Sobre os meus braços

Dentro do meu corpo
Na busca de um beijo
Ou de um simples olhar…

Me encantam os teus olhos de amêndoa
Suspensos nas alegrias da manhã
Quando acordas
E escreves no meu peito
Com as tuas frases em desejo
Que crescem das tuas mãos que me encantam

Nas alegrias da manhã
Dos teus lábios de poema
Dentro do meu corpo
Na busca de um beijo
Ou de um simples olhar…
Escreves no meu peito; Amo-te.