foto de: A&M ART and Photos
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Parecemos esplanadas de vento correndo
nos algerozes das montanhas abandonadas,
penso se não existirá dentro de nós
a melancolia dos barcos apodrecidos, como ossos molhados, como corpos
cansados, como eu, e como tu, dois ventres desventrados, amorfos,
humildes como sanzalas de granito, vadios...
parecemos dois loucos escondidos na
sombra da madrugada ainda não nascida,
perdidos nas palavras ainda por
escrever...
olhamos as estrelas que deixaram de
brilhar,
comemos o pão como quem come a sombra
de uma árvore...
indolor, infestados de giz depois do
recreio escolar,
tu, e eu, debaixo de um busto sem nome,
Correndo, brincando... enganando a
fome...
correndo, correndo calçada abaixo, até
que acordava o dia, até que da tua bocas eu sentia a tristeza dos
perdidos calendários de Fevereiro,
o medo,
o medo das clandestinas vozes da
escuridão,
e no entanto,
sem o sabermos,
inventávamos estórias de adormecer,
sem o sabermos... estávamos mortos
numa janela de esqueletos.
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 12 de Fevereiro de 2014