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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Quatro esquinas de paixão

foto de: A&M ART and Photos

A face oculta do silêncio entre quatro esquinas de paixão,
o sofrimento que cresce, que dorme... que alimenta o cansaço do triste Inverno,
as três pedras da literatura que habitam sobre ti como rios indomáveis, doentes...
como solidões prisioneiras nas árvores do medo,
a face da maré envenenada quando os peixes voam na cidade do inferno,
quando o vento bate na tua janela e cedo percebes que a madrugada não existe,
que ela não é mais do que uma sílaba tonta nos lábios de um homem de palha molhada,
que hoje me sinto tão cansado... que perdi a minha face na lareira do fim de tarde,

A face tua que me deixa nas penumbras luzes dos holofotes de areia,
a palavra não dita,
esquecida,
a palavra maldita que transportas na tua boca...

Que hoje, hoje pareço um farrapo mergulhado em fenol...

A face planície das gaivotas de porcelana,
às tuas mãos o distante caminho da esperança,
acreditas,
e fazes-me acreditar nos lençóis de amianto,
nas flores em papel crepe,
no orvalho,
e na geada envelhecida das noites sem poesia,
e o poema morre nos teus olhos de vidro...


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 10 de Fevereiro de 2014