foto de: A&M ART and Photos
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A face oculta do silêncio entre quatro
esquinas de paixão,
o sofrimento que cresce, que dorme...
que alimenta o cansaço do triste Inverno,
as três pedras da literatura que
habitam sobre ti como rios indomáveis, doentes...
como solidões prisioneiras nas árvores
do medo,
a face da maré envenenada quando os
peixes voam na cidade do inferno,
quando o vento bate na tua janela e
cedo percebes que a madrugada não existe,
que ela não é mais do que uma sílaba
tonta nos lábios de um homem de palha molhada,
que hoje me sinto tão cansado... que
perdi a minha face na lareira do fim de tarde,
A face tua que me deixa nas penumbras
luzes dos holofotes de areia,
a palavra não dita,
esquecida,
a palavra maldita que transportas na
tua boca...
Que hoje, hoje pareço um farrapo
mergulhado em fenol...
A face planície das gaivotas de
porcelana,
às tuas mãos o distante caminho da
esperança,
acreditas,
e fazes-me acreditar nos lençóis de
amianto,
nas flores em papel crepe,
no orvalho,
e na geada envelhecida das noites sem
poesia,
e o poema morre nos teus olhos de
vidro...
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 10 de Fevereiro de 2014