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sexta-feira, 26 de junho de 2015

A saudade


Deixei de pertencer aos retractos nocturnos do abismo,

Sou uma sombra aprisionada neste longínquo porto sem amarras,

À deriva,

Procuro o vento laminado das tardes de Luanda,

Não ando,

Não amo,

Não… não sei o nome da imagem que acordou neste espelho envelhecido,

Não entendo os Oceanos de insónia que brincam nos meus ombros,

Deixei de ter ossos,

Deixei de pertencer…

E do abismo

Uma flor encardida voando sobre as palmeiras,

 

Uma mão de solidão

Encalhada no meu olhar,

E onde estão as tuas palavras?

Amargas,

Cansadas das viagens ao Planeta da escuridão,

Asas em chamas,

Crocodilos em vão…

Sem janelas no sótão,

Sento-me nas escadas,

Pego levemente num cigarro inventado pelos teus lábios,

E canto,

E choro…

 

A saudade.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 26 de Junho de 2015