Sou o comandante
deste transatlântico sem nome
Pobre no sono
Rico em fome,
Sou um velho
comandante
Que traz na
algibeira
O pão das bocas
esfomeadas
Um velho
comandante
Na lágrima das
palavras,
Na lágrima das
palavras
Estes versos em
loucura
Oiço um comboio
em finos apitos
Enquanto o mar
cava a minha sepultura
Da terra em
grosseiros gritos,
E nas pobres
minhas madrugadas
Rompem sobre mim
as flores em papel queimado
E é neste jardim
silenciado
Que observo o
poeta enforcado,
Fartou-se da
vida
Das árvores
coloridas
Fartou-se da
poesia
E do começo de
um novo dia,
Fartou-se de mim
Este poeta
enforcado
E eu o velho
comandante
Deste transatlântico
desgovernado
Fico em frente
ao mar; só e sentado.
Alijó,
23/11/2022
Francisco