Da noite fria
Chegam a mim as tuas
pinceladas lágrimas.
Trazes nas mãos as flores
da tristeza,
Em voos contínuos,
pequenas palavras,
Que o vento eleva até ao
sofrimento,
Na noite fria
O infinito adeus,
A calçada morre, o rio
foge e sobe a montanha,
Não me dês a alegria,
Não quero esta noite fria
Sobre os meus ombros em sofrimento.
E depois do adeus, e
depois da saudade,
O terrível infinito em trágicas
madrugadas,
E o silêncio emerge
Nos plátanos envenenados
pela neblina,
Sofrem, as andorinhas em
flor.
E na noite fria
Que se alicerça ao meu
corpo dissecado pelo teu olhar…
Esta temida pedra,
Com os olhos postos no
mar,
E há uma canção que
grita,
Uma palavra que chora
Nesta noite fria;
Adocicado beijo,
Antes de acordar.
Alijó, 16/10/2022
Francisco Luís Fontinha