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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

giba da paixão

foto de: A&M ART and Photos

brincava com as dúcteis tuas mãos de porcelana
vivia em nós o espelho giba da paixão
e sabíamos que das barcaças tontas dos malignos jacarés de palha...
palavras em fogo atravessavam os nossos corpos
eram agulhas de desejo
como serpentes envenenadas da selva dos beijos embriagados
comíamos coisas fúteis
bebíamos líquidos esbranquiçados com duas simples pedras de gelo...
a tua mão tremia
abraçada à tua voz de noz enfeitada com néons de linho nos cortinados vazios das esplanadas nocturnas de Belém... e os cacilheiros dentro de ti
choravas e uivavas...
e apitavas...

percebia-se nos teus olhos o romper da madrugada
e o regresso das chuvas invisíveis com sabor a procissão desalmada
brincava
choravas
e vivíamos encalhados numa tenda de circo
com asas metálicas
e nariz em fibra-de-vidro...
não não éramos um avião
e vivia em nós o espelho giba da paixão
um fino sabor a hortelã vagueava no teu rosto desenhado no xisto de prata
e da lareira
uma nuvem de sofrimento fundia-se como chumbo no prato fundo da ribeira dos tristes orvalhos...


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2013