foto de: A&M ART and Photos
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A voz mais bela, talvez, profundamente triste, há
uma janela com línguas de fogo, e a voz, adormece, como vida vestida
de vida, a voz, ela, deitada sobre o corpo circular da paixão,
ouvem-se de dentro da caverna, as outras vozes, as outras palavras
disfarçadas de vozes, mergulhávamos nos corredores de acesso a
elas, às vozes e às cavernas, choravas pela partida do presente,
pelo teu futuro incerto, choravas com o medo, de partires e
deixares... a caverna e a paixão, que de dentro da caverna, vivem,
comem, fazem amor ao final do dia, e no entanto, há uma janela, uma
janela de onde se ouve o silêncio do mar a bater contra os rochedos
do desejo, fervilhas como água em ebulição, pegas na minha mão,
oiço os teus dedos longos e poéticos, de onde
Há sons melódicos em perfeita paixão,
Amam-se eles, e elas, digamos que, há uma paixão
sem nome entre os sons melódicos e as palavras poéticas, fazíamos
amor quando acordava o final do dia, sentavas-te em frente ao piano,
esticavas os dedos no meu pescoço... e recomeçavas onde tínhamos
ficados na noite anterior,
Dirias que eu
És louco, Francisco!
Dirias que... o piano do meu corpo está perro,
velho, enferrujado... e brevemente
Dirias que eu
És louco, Francisco!
No fundo do mar, deitado sobre a areia húmida das
tuas coxas, dirias que eu... e brevemente voávamos como pássaros
sobre as tangerinas que dormiam na nossa caverna,
Conta-me uma estória, Francisco!
(Amam-se eles, e elas, digamos que, há uma paixão
sem nome entre os sons melódicos e as palavras poéticas, fazíamos
amor quando acordava o final do dia, sentavas-te em frente ao piano,
esticavas os dedos no meu pescoço... e recomeçavas onde tínhamos
ficados na noite anterior,
Dirias que eu
És louco, Francisco!)
A de um piano enferrujado com a mais bela voz da
caverna da paixão, um piano disfarçado de piano, com braços,
pernas, cabeça, um esqueleto com duzentos e seis ossos, um velho
como eu, vivendo que faz de conta viver, sinto-te mergulhada em mim,
sinto-te dentro de mim, como quando as tuas mãos se entranham no
teclado do meu corpo... e tocas-me, e ouvem-se as vozes, os sons, e
todas as palavras que a paixão alimenta,
És..., és louco, és louco Francisco Luís!
A voz mais bela, talvez, profundamente triste, há
uma janela com línguas de fogo, e a voz, adormece, como vida vestida
de vida, a voz, ela, deitada sobre o corpo circular da paixão,
ouvem-se de dentro da caverna, se me é permitido o fazer! Diz-me tu!
Que és louco, Francisco, que és simplesmente
louco...
E não o sou, Francisco, e não o sou...
Porque és tão querida, porque és tão desejável
e desejada, porque há uma janela em nós de onde podemos ouvir o
mar, e os sons do meu corpo... quando entranhas os teus dedos nele, e
tocas, e tocas... os mais belos solos de piano, o meu corpo, ele,
vestido de piano...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 18 de Agosto de 2013